domingo, 2 de junho de 2013

Morar sozinho: benefícios e perigos

Por muitos anos, meus pais viveram juntos, mas as circunstâncias fizeram com que apenas após os 60 anos viessem a separar-se. É uma pena, deveria ter acontecido muito antes, e creio que teria sido melhor para ambos, talvez, até, mantendo a condição de casal. Mas a questão é bem estar pessoal e coletivo, no caso, da família. Só que com o passar dos anos as dúvidas sobre até quando eles poderão viver sozinhos só aumentam. Minhas avós se viraram bem até quase os 90. O problema é que cada caso é um caso, idade, sexo, tudo varia muito, e meu pai é um caso, como ele mesmo diria, sui generis. A dúvida e a preocupação são diretamente proporcionais e a família pode precisar tomar decisões duras ou antipáticas pelo bem de quem se ama. É assim desde a infância, quando os pais decidem por nós, depois, a tarefa é invertida. E não menos dolorida. Entram questões emocionais e financeiras em jogo. Como fazer quando a pessoa não quer ir ao médico, muito menos um hospital? Até que ponto ela consegue cuidar de coisas práticas da vida, como pequenas compras, alimentação adequada? É viável manter em casa com alguém cuidando? Internar em uma casa de repouso a partir de quando, só se deixa de conseguir levantar, ir ao banheiro, comer sozinha? E se a pessoa não quer? E as represálias possíveis?

Difícil. Mais difícil ainda quando a única coisa a fazer é esperar. E há ainda a manutenção da própria saúde e sanidade diante das dificuldades. Acredito, até porque é algo que lembro sempre que meu pai dizia, e é algo diariamente repetido nas instruções de segurança de aviões, que para cuidar dos outros é preciso estar saudável, bem consigo mesmo. Lembram da orientação? "Se houver crianças ou idosos ao seu lado, coloque primeiro a máscara em si, depois neles". O princípio é este, você precisa estar bem e forte pra conseguir salvar os outros, senão, estarão todos fracos, e o risco é ninguém se salvar. Eu não disse que era fácil. Não é. Ainda estou tentando descobrir os caminhos.


A dica fica em dois artigos que li nos últimos dias, um sobre morar sozinho e outro sobre o aumento do índice de suicídios entre idosos. Por enquanto, informação e paciência. E amor.