quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Culpa e estímulo

Os trechos a seguir foram retirados de textos já citados no blog, mas que devem ser lidos e relidos à exaustão enquanto a situação neles retratada persistir, pois é algo difícil de enfrentar: a culpa por não poder fazer nada - quando na verdade nada pode ser feito, e o difícil é saber a diferença; e o estímulo para continuar, mesmo precisando ter atitudes duras - o que não significa maldade ou falta de carinho, ao contrário. Multiplique por 10 a dificuldade se o caso for de saúde mental e não física (como se fosse possível separar). Recomendo a leitura dos textos por inteiro, porém, seguem os "extratos" que escolhi:


Do texto "Idosos que não querem cuidar da saúde"
"Seguem algumas dicas para os filhos de pais nessas condições e para os idosos que se recusam a aderir a algum tratamento.
Filhos:Neste sentido, procurem fazer o que realmente pode ser feito em prol do idoso, porém respeitando suas decisões. Imposições podem ser interpretadas pelo genitor idoso como falta de respeito e ser motivo para desavenças. Caso ele demande, marque consulta, exames e o acompanhe nestes eventos, porém sem forçar situações. A culpa não é sua se o idoso optar não aderir a um tratamento essencial à sua qualidade de vida, portanto, não cultive um sentimento de culpa que pode ser muito prejudicial para você! Crenças negativas do idoso podem não ser apenas teimosia ou pessimismo frente à vida, mas sim refletir um quadro de depressão ou uma insatisfação frente às perdas associadas ao envelhecimento e iminência de morte (que pode aumentar à medida que a idade avança e alguns sintomas de doença começam a aparecer)."

E, ainda:

Do texto "Como conversar e lidar com um idoso teimoso"
"Não tenha o objetivo de agradar às pessoas: Se tem a consciência que está a tomar a melhor decisão face a uma determinada situação, independentemente de esta magoar outrem, tome-a! Nunca adote medidas de modo a ser popular ou a fazer a vontade a um idoso, só pelo simples facto de ele ser idoso, pois, no fundo, pode estar a prejudicá-lo mais."

Ansiedade que se renova

O tempo passa, mas a ansiedade só aumenta. Será a idade? Será que ela sempre esteve lá? Acredito que sim, e tento identificar em mim os mesmos traços e evitar o mesmo destino. Ansiedade gera medo, e se a resposta for negativa, frustração e raiva. Pode estar em pequenas coisas, ridículas. Ridículas para quem? Como medir a dimensão? Como lidar com essas ansiedades e frustrações, especialmente quando nunca se aprendeu? Como explicar o que não foi apresentado a alguém em mais de 70 anos?

Pra mim eram apenas alguns parafusos na parede, deixados pela proprietária do apartamento recém comprado, e que logo mais podem ser substituídos, retirados, utilizados. Preferencialmente com quadrinhos, prateleiras. Mas, enquanto isso, eles poderiam ficar ali. Bem, mas para quem tem um grau de ansiedade que não cabe em si, eles não podem. Precisam ser retirados, corrigidos, ou preenchidos, sob pena de alta angústia. Poderia ser outra a razão da angústia: excesso de doces, "mimos", que poderiam ser consumidos lentamente, cada colherada com o sabor do carinho de quem presenteou. Mas, não, é preciso terminar com eles logo, ou passar adiante. Será uma tentativa de passar também o carinho adiante? De fazer com que o carinho se espraie ou de tentar negá-lo? Ou de voltar à situação anterior, angustiante, porém conhecida e insanamente confortável do não ter com que ficar ansioso.

Às vezes nosso problema pode ser não ter problemas. Outras, o problema não ser reconhecido pelos demais. Mas como fazer quando a solução não nos compete, ou afetará outros, e a pessoa precisa ver isso por si? Difíceis resoluções, que vão da ação à capacidade de entender quando nada é possível ou só será se o outro quiser.

Diagnósticos à parte, ansiedade é tratável, psicológica ou quimicamente (ambos, inclusive). O difícil é fazer ver e agir. Aceitar o por enquanto, que pode ser para sempre. Ser sereno mas também firme. Não abandonar, embora a vontade - sua própria ansiedade - seja a de resolver para seguir, e isso não esteja sendo possível. E se o tratamento fosse dado, e desse certo? O que é dar certo, a partir de certo ponto? Ansiedade... cada um com as suas, com seus parafusos não preenchidos.

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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Na mídia


Via Coisa de Velho com informações da Folha de São Paulo

De olho no envelhecimento da população brasileira, a Globo está investindo em produções que dialoguem com esse público.
Em dezembro, exibiu o telefime “Doce de Mãe”, de Jorge Furtado e Ana Luiza Azevedo, com Fernanda Montenegro, sobre uma matriarca de 85 anos.
Agora, a emissora autorizou a produtora O2 Filmes a escrever uma série cujos protagonistas serão pessoas de mais de 75 anos.
Intitulada “Os Experientes”, o programa trará grandes atores mais velhos da TV.
“O tema, evidentemente, é a idade, mas não será um documentário. A televisão explora pouco o tema da terceira idade”, diz o diretor Fernando Meirelles.
O projeto está na fase de desenvolvimento dos roteiros. Caso seja aprovado, a direção caberá a Meirelles e a seu filho, Quico.
Na semana que vem, o “Fantástico” estreia uma nova temporada do quadro “A Vida que Pedi a Deus”, sobre aposentados. Nessa edição, os participantes viajam para Porto Seguro e Las Vegas.
Segundo pesquisa do IBGE divulgada no fim de 2012, o número de idosos na população brasileira passou de 15,5 milhões, em 2001, para 23,5 milhões em 2011.
O instituto considera pertencentes à terceira idade indivíduos de 60 anos em diante.


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