terça-feira, 6 de abril de 2010

Quando nossos pais começam a envelhecer


Quem não partir antes, vai chegar lá: à velhice. Quando menos nos damos conta, nossos avós já se foram e percebemos que nossos pais estão ficando velhos. O tempo também não para e o nosso caso não é diferente, também estamos envelhecendo, tendo filhos ou não. E quem sabe se os nossos pais não serão esses filhos?


Em 2008 vivi a experiência de me dividir em mil para cuidar de uma lesão que minha mãe sofrera, das dificuldades de meu pai e, ao final do ano, perder as duas avós em duas semanas. Os "avôs" já haviam partido há mais tempo. Me dei conta de que sem a ajuda que tive de uma amiga com experiência no assunto eu teria surtado de vez. E, com o passar do tempo, a perspectiva é de piora: aquelas coisas que eu e a família em geral víamos de estranho ou preocupante nos meus avós, agora são protagonizadas pelos seus filhos, os meus pais. 


Mas, como dizer que eles já estão se comportando assim sem magoá-los? Nem sempre é uma tarefa fácil ou agradável. Algumas vezes, as críticas são vistas como se fossem punhaladas e não recebem qualquer crédito por represália. Outras, são ignoradas. Algumas são processadas, mas com tristeza. Poucas são aproveitadas e debatidas.


Debate, aliás, passa a ser um problema. Tudo pode se transformar em uma acusação de rispidez. Ou podemos só ouvir e sermos acusados de estarmos ignorando, quando apenas queremos evitar desgastes. Há até mesmo situações em que não compreendem que estamos concordando...


Outra dificuldade é a questão saúde: planos, medicamentos e exames caros, nem sempre cobertos pelos planos, aumento de remédios e problemas médicos, dificuldade em resolver esses problemas, frustração... E para convencer os homens a irem a consultas e exames? Com mulheres costuma ser mais fácil, embora a hipocondria pareça ser bastante democrática.


Existe, ainda, o problema da autoestima e da segurança, muitas vezes relacionados. Finalmente as pessoas chegam a uma fase da vida em que deveriam ter tempo e liberdade, e queremos limitá-las.  Dizer para um homem que ele já não consegue defender sequer a si, menos ainda aos demais, é difícil. Mas algumas situações beiram a irresponsabilidade e novamente chegamos ao problema do diálogo. Ultimamente, enfrentamos um passeador noturno... nesses tempos. Insegurança para si e para toda a família. 


Tudo o que vem "no pacote" somado aos problemas que as pessoas já trazem consigo desde sempre mas que se agravam com os anos, vão criando verdadeiros Franksteins. E nós, os novos-adultos, ainda não nos acostumamos a ver nossos pais assim, nem a enfrentar a situação. E esse enfrentamento, é feito na base do "exército de um homem só"? Ou há mais pessoas para ajudar? Começam os "eu trabalho", "eu tenho filho", "eu moro longe", "eu não tenho condições". E quem não passa por tudo alguma coisa disso? Que eu saiba, não vai impedir o tempo de passar.


Veja que nem entramos no capítulo das doenças graves e degenerativas... O fator memória é realmente um capítulo - ou um volume - à parte. 


Quem são os profissionais mais adequados? Quando é hora de procurar ajuda? Até quando idosos vivem bem sozinhos e quando precisam de assistência 24h? Casas de repouso e clínicas sofrem preconceito e/ou metem medo, sob o estigma do asilo/abandono? Todo lugar alegre e que promova independência e interação é muito caro?


Enfim... este é um espaço para discutir, apresentar, questionar, responder, orientar, sugerir o possível sobre o tema. Convido os amigos que quiserem colaborar seriamente a entrar em contato para também postar neste blog.


Afinal, enquanto isso, o tempo está passando.



2 comentários:

  1. É muito difícil ver a nossos pais envelhecer!
    Eu sempre vou pensar que eles tem a mesma idade sempre... 50, e não mais!
    Agora estou com minha mãe esperando para odontogeriatria

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  2. Puxa, difícil situação. Já estou tentando me preparar para esse momento com minha mãe que já está com quase 80, e, detalhe, sou filha unica é meu relacionamento com ela nunca foi muito bom. Deus me dê forças.

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